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O cross-validation não é uma receita única, mas sim um conjunto de estratégias que a gente adapta conforme o objetivo: avaliar performance, escolher hiperparâmetros ou treinar o modelo final.

Avaliar modelos de machine learning não é apenas rodar um treino e medir a acurácia em um conjunto de teste. Dependendo do problema, da quantidade de dados e do objetivo final, a estratégia de validação pode mudar bastante.

1. Cross-validation clássico (n-folds com treino/validação/teste)

A forma mais conhecida de validação é o k-fold cross-validation.

Como funciona: dividimos o dataset em n partes (folds). Em cada rodada, treinamos com n-1 partes e testamos na parte restante. No final, fazemos a média e o desvio padrão das métricas.

Vantagem: avaliação robusta e menos dependente da divisão dos dados.

Porque usar? - Reduz o risco de viés por uma divisão específica. - Usa os dados de forma mais eficiente do que um simples split treino/teste.

Possibilidades para modelo final:

  • Escolher o melhor fold e usá-lo como modelo final.
  • Retreinar em todos os dados após medir performance, garantindo que o modelo final viu o dataset inteiro.
  • Fazer ensemble com os n modelos para maior estabilidade.

2. Dev set + teste hold-out (validação hierárquica)

Outra abordagem muito comum é separar o dataset em duas partes:

Como funciona: separamos o dataset em duas partes: Dev (para desenvolvimento) e Teste Hold-out (para avaliação final).

  • Dentro de Dev, podemos aplicar k-fold CV ou um split treino/validação/teste_dev.

  • As decisões de arquitetura e hiperparâmetros são feitas só no Dev; o teste hold-out é usado uma única vez ao final.

Vantagem: garante que o teste final simule o mundo real, sem contaminação.

Porque usar? - Garante que o teste final seja realmente “justo”, simulando o mundo real. - Evita data leakage e resultados inflados.

Uso típico: competições de ML (ex.: Kaggle, CinC Challenge).

3. Leave-One-Out (LOO-CV)

Como funciona: cada amostra individual é deixada de fora uma vez e usada como teste.

Vantagem: aproveita praticamente todos os dados para treino.

Desvantagem: custo computacional muito alto e pouca vantagem prática em datasets médios/grandes.

Uso típico: quando o dataset é extremamente pequeno.

4. Leave-One-Subject-Out (LOSO)

Em muitas áreas — especialmente biomédica — não basta avaliar o modelo em amostras embaralhadas, porque o mesmo indivíduo pode aparecer no treino e no teste. Isso gera um resultado artificialmente otimista.

Como funciona: em cada rodada, deixamos um sujeito inteiro (paciente, indivíduo, voluntário) de fora para teste, treinando no restante.

Vantagem: simula um cenário realista em que queremos avaliar o modelo em novos indivíduos nunca vistos.

Porque é importante? - Mede se o modelo consegue generalizar para novos indivíduos nunca vistos. - Reflete cenários clínicos reais: treinar em alguns pacientes e depois aplicar em outro.

Uso típico: dados biomédicos (ECG, EEG, imagens médicas), onde a variabilidade entre pessoas é grande.

5. Leave-One-Dataset-Out (LODO)

Quando temos dados vindos de múltiplas bases, surge outro desafio: será que o modelo só funciona bem no dataset de origem ou consegue generalizar para outros contextos?

Como funciona: cada rodada deixa um dataset inteiro de fora como teste, treinando nos demais.

Vantagem: mede a generalização cross-dataset, mostrando se o modelo funciona além do dataset de origem.

Porque usar? - Mede a generalização cross-dataset, fundamental quando queremos aplicar o modelo em populações diferentes, com protocolos distintos ou até com equipamentos variados.

Uso típico: pesquisas multimodais ou multi-coortes (ex.: treinar em CinC + PhysioNet e testar em um dataset privado).

Qual escolher?

Depende do objetivo:

Poucos dados → k-fold ou LOO

Evitar contaminar o teste final → Dev/Teste Hold-out

Generalização entre indivíduos → LOSO

Generalização entre bases/dominios → LODO

Produção → treinar com todos os dados ou usar ensemble após CV

Conclusão

O mais importante é lembrar que a estratégia de validação deve refletir o cenário real em que o modelo será aplicado.

No fim, a validação é o que garante que o modelo não é apenas bom nos dados de treino, mas realmente confiável no mundo real. 🚀

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